Especialista em psicanálise, neurociência e liderança.

Você já parou para pensar em como a pressão, o excesso de responsabilidades ou até o clima organizacional podem impactar sua saúde emocional e a de toda a sua equipe? Esses fatores não são “detalhes do dia a dia”. Eles são classificados como riscos psicossociais – e ignorá-los pode custar caro para as pessoas e para as empresas.
Nos últimos anos, esse tema ganhou força, especialmente após as mudanças na Norma Regulamentadora nº 1 (NR 1). E eu quero te conduzir a compreender não só o conceito, mas também como aplicar na prática um modelo de gestão que respeite a saúde emocional e garanta conformidade legal.
De forma simples: riscos psicossociais são todas as condições relacionadas ao trabalho que afetam o bem-estar emocional, mental e social de quem faz parte da organização.
Isso inclui desde pressões de produtividade até situações como:
Sobrecarga de tarefas ou jornadas extensas;
Assédio moral ou sexual;
Falta de clareza nos papéis de cada profissional;
Ausência de equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
Clima de insegurança, medo ou isolamento.
Ou seja: não estamos falando apenas de estresse passageiro, mas de fatores que podem gerar adoecimento emocional profundo, queda de desempenho e até acidentes de trabalho.
👉 Faz sentido perceber que o que desgasta emocionalmente também impacta diretamente em resultados?
A NR 1 passou a incluir explicitamente os riscos psicossociais na gestão de saúde e segurança no trabalho. Isso significa que, legalmente, as empresas precisam considerar o impacto emocional dentro do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Em outras palavras: agora não basta olhar apenas para riscos físicos, químicos ou biológicos. É obrigatório avaliar também os riscos que vêm do comportamento humano, da organização e das relações de trabalho.
Alguns pontos práticos da atualização:
O PGR precisa incluir mapa de riscos psicossociais;
Empresas devem adotar medidas preventivas para reduzir fatores emocionais críticos;
É necessário comprovar ações de promoção da saúde mental.
Esse é um marco histórico. Porque, finalmente, a legislação reconhece que saúde e segurança também são emocionais.
Talvez você pense: “Mas sempre existiram pressões no trabalho, por que só agora isso virou pauta central?”
A resposta é clara: porque o impacto nos resultados nunca foi tão visível. Empresas que não cuidam desse tema sofrem com:
Aumento de afastamentos e absenteísmo;
Alta rotatividade de profissionais;
Queda de produtividade;
Perda de talentos estratégicos.
E mais: o custo invisível do adoecimento emocional – falta de motivação, clima tóxico, dificuldade de engajamento – mina a cultura organizacional.
👉 O ponto é: como líder ou gestor de RH, você vai continuar apagando incêndios ou vai escolher lidar com a raiz da questão?
Agora vem a parte essencial: como transformar a teoria em prática dentro da sua organização.
Mapeie os fatores de risco psicossocial por meio de pesquisas, entrevistas e observação ativa. É preciso escutar as pessoas antes de qualquer plano de ação.
Líderes inconscientes são grandes mantenedores de riscos psicossociais. Trabalhar consciência emocional, escuta ativa e gestão humanizada é indispensável.
Políticas de combate ao assédio, gestão de cargas de trabalho equilibradas e incentivo ao diálogo transparente devem fazer parte do cotidiano.
Não é um projeto pontual. É uma prática contínua, integrada ao PGR, com indicadores claros de saúde emocional.
👉 Em resumo: adequar-se à NR 1 exige tanto responsabilidade legal quanto consciência humana.


Falar de riscos psicossociais não é “moda” nem “exagero”. É uma realidade que agora tem respaldo legal e que exige maturidade de líderes e empresas.
A NR 1 não veio para punir, mas para provocar um movimento de consciência: cuidar da saúde emocional de quem trabalha com você.
Então eu te deixo com a pergunta que guia minha prática como psicanalista e consultora:
👉 O que você vai fazer com isso?